O trabalho remoto trouxe ganhos inegáveis. Mas, como CEO, vejo um efeito colateral silencioso: os jovens que estão entrando no mercado estão perdendo experiências fundamentais para seu crescimento profissional.
O Preço Invisível da Flexibilidade
O home office é extremamente benéfico para profissionais já experientes. Mas, para os jovens que estão dando os primeiros passos na carreira, ele pode representar uma perda valiosa: a convivência com líderes, o aprendizado informal, a cultura da empresa vivida no dia a dia, os erros corrigidos no ato, os feedbacks espontâneos no corredor.
Em um ambiente físico, um estagiário ou recém-contratado aprende observando. Aprende ouvindo conversas entre colegas, acompanhando reuniões ao vivo, absorvendo a linguagem não verbal, e tendo acesso constante a oportunidades que não estão em nenhum manual. No remoto, tudo isso é reduzido a chamadas agendadas — e isso muda completamente a curva de aprendizado.
A Cultura que Forma Profissionais Fortes
Empresas de alto desempenho cultivam cultura. Cultura não é apenas missão e valores escritos no site. Cultura é o que se respira no café da manhã com os colegas, nas conversas de corredor, nas decisões tomadas ali, ao vivo. É essa cultura que molda o pensamento estratégico, a ética de trabalho e o senso de responsabilidade de um jovem profissional.
Ao entrar em uma empresa e trabalhar de casa, o jovem perde o senso de pertencimento e, muitas vezes, a noção de impacto do seu trabalho. Não entende como as peças se conectam. Sem isso, o desenvolvimento é mais lento — e muitas vezes desmotivador.
Networking Não Se Faz Apenas por LinkedIn
O famoso “quem indica” não é privilégio, é construção. Grandes oportunidades surgem de conexões humanas reais. Almoços com colegas, conversas após uma reunião, encontros inesperados com executivos mais seniores. O networking presencial é orgânico, e para jovens profissionais ele é essencial. Trabalhando de casa, essas interações se tornam escassas, limitadas e, muitas vezes, inexistentes.
Conclusão: Flexibilidade com Responsabilidade
Sou defensor da flexibilidade. Mas ela precisa ser inteligente. Para os jovens talentos, o modelo híbrido pode ser o caminho ideal. Um ambiente que permita dias de convivência presencial, para aprendizado e integração, combinado com a produtividade do remoto. Empresas e líderes precisam entender que estão moldando a próxima geração de profissionais. E isso exige presença, escuta, e convivência.
Se queremos um futuro com líderes preparados, precisamos começar agora — criando ambientes que, mais do que funcionais, sejam formadores.